sexta-feira, 30 de março de 2012

PROGRAMA 26


 

Homem mata amigo e atira-o para uma fogueira.


É isso mesmo.

Crime hediondo em Tondela!

Eram dois seres completamente desprovidos de amor... Eram dois homens ex presidiários. Eram toxicodependentes. Eram dois alcoólicos. Mas - contam os vizinhos -, que não agrediam ninguém.

A prisão serviu-lhes de exemplo. Eles deixaram de roubar... também porque eles tinham sido presos por roubar... Mas, estes homens não conseguiam arranjar emprego... Na pequena povoação no concelho de Tondela, ninguém lhes dava emprego. Mas, toda a gente, curiosamente, gostava deles... toda a gente, curiosamente, gostava deles.

Agora, vejam bem... vejam bem as contradições que existiam na vida destes homens...

É que eles tão depressa eram amigos, como, no momento seguinte, andavam à pancada. Eles tão depressa iam pedir os dois, como iam separados. O álcool toldava-os... Alguém até disse que eles tinham relações homossexuais. Nunca se conseguiu provar isso... nunca se conseguiu provar isso...

Mas, a família... a família, senhores, a família tinha que... havia pessoas boas na família... as pessoas nunca... os amigos, os familiares deles nunca se interessaram pelo destino que estas duas vidas estavam a tomar.

O Pedro Mendes,,, o Pedro Mendes era dos dois o que tinha... era mais... tinha um físico mais forte... resistia mais às contrariedades que a vida lhes tinha proporcionado.

O Paulo Santos era um débil, coitadinho, era um débil... Muita gente até dizia: "Sem vem um bocado de vento mais forte, tu levantas voo"! E logo dizia o Paulo Mendes: "Não! Eu estou aqui para o proteger... o meu grande amigo! Eu estou aqui para o proteger sempre, sempre, sempre"!

Pois é...

Mas, houve um momento... houve um momento que tudo se virou ao contrário.

E sabem porquê?

Porque o mais débil, o Paulo Santos, começou a perceber que o outro tinha clientes que lhe davam mais dinheiro e, então, ia lá antes. E davam-lhe dinheiro, davam-lhe cinco, davam-lhe dez euros e davam-lhe de comer e davam-lhe de beber...

E o outro, mais forte, o Pedro, o Pedro Mendes, disse: "Eh pá, tu andas a estragar-me a vida... tu andas a estragar-me a vida! Ouve lá tu... Sou eu que te digo onde havemos de dormir, onde é que havemos de comer, eu é que te ajudo, eu é que te aqueço, eu é que te faço as fogueiras, eu é que, às vezes, te faço de comer e tu andas-me a pedir dinheiro aos meus amigos...? E dizes que não tens dinheiro e estás cheio de dinheiro...? Mas como é que é isso..."?

Uma noite... numa noite, algo aconteceu naquele casebre onde eles estavam naquele dia a dormir.






Havia uma fogueira.

Zangaram-se. Eles zangaram-se. Deve ter havido uma forte discussão.




O Pedro Mendes pegou numa faca, esfaqueou o amigo.

Ele tava a esvair-se em sangue. Empurrou-o para cima da fogueira a arder. O homem começa a arder como uma tocha.

Mas, há gritos... houve gritos!

Um homem passava por aquele sítio ermo. Ouviu barulho. Já sabia que eram eles os dois que estavam lá dentro. Mas, naquela noite, houve gritos de mais... houve gritos de mais... Esse homem que não quis identificar-se chamou a GNR. A GNR apareceu e o que é que vê?

Uma tocha humana!

Um, a arder completamente, o outro sentado, ao lado dele a dormir...

Como dizem os vizinhos e toda a gente lá de Tondela: "Estava bêbado com um cacho"!

Pois é... pois é...

Mas, onde é que entra aqui a família? Onde é que entra aqui a família? Estas pessoas, estes dois homens tinham familiares na aldeia... Podiam tê-los ajudado... Mas, onde é que entra aqui a família?

É isto que é repugnante! É isto que é repugnante!

Meus amigos, o homem, o Pedro Mendes, se calhar, pelo que dizem advogados de defesa, se calhar, vai ser considerado inimputável...

Ficou a aguardar julgamento numa casa que o acolheu, numa casa de uma instituição.

Ele vai ter que ser tratado. Ele tinha fortes problemas psíquicos...

O outro foi para a sepultura.

No momento do funeral, aparece a mãe, aparece o pai, aparecem irmãos. Todos ali a lembrarem a triste sina do Paulo Santos... Tivessem agido com mais tempo... tivessem agido com mais tempo... tivessem agido há mais tempo e, provavelmente, isto nunca teria acontecido...

Sobre este caso, o Xerife Penas falou, tá falado!

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