O povo português cada vez mais tem vindo a entoar aquele já se podemos qualificar de hino contra a austeridade, a Grândola Vila Morena. Os primeiros cânticos de revolta fizeram-se ouvir em plenário da Assembleia da República, Casa da Democracia Nacional, em alto e bom som, quando o Primeiro Ministro fazia a sua intervenção o debate quinzenal de 15 de fevereiro deste ano que tem sido tão dramático para os portugueses que sofrem cada vez mais das medidas repetidas e infrutíferas de austeridade.
Vamos relembrar esse dia...
Pois é... E até tinha graça se não fosse tão trágico...
É que se o povo clama é com a voz embargada, é com a "corda na garganta"...
Mas, de nada valeu... As medidas de austeridade sucedem-se a um ritmo assustador e ao mesmo ritmo se descobrem buracos e mais buracos financeiros...submarinos, reformas milionárias pagas a jovens de quarenta e poucos anos, mordomias escandalosas de alguns políticos, BPN, contratos swaps... Enfim...
E a lista vai crescendo, e os cofres do Estado sem dinheiro... E mais austeridade... e mais escândalos financeiros... E mais cânticos entoados... e mais manifestações... E nada! Mais austeridade!
Hoje, foram os reformados que se insurgiram contra as medidas de austeridade que vão assolar a Segurança Social.
Pois, por aplicação do dito "fator de sustentabilidade", está previsto o aumento da idade da reforma (que corresponde a um aumento de 5 meses de trabalho aos 65 anos).
Mas, não é só o aumento da idade da reforma!
Outras medidas se vão somar a esta, como menos férias, mais descontos para a ADSE, aumento do horário de trabalho e redução dos suplementos remuneratórios.
E vamos ainda ver o que mais nos espera com as medidas que Passos Coelho vai anunciar ao país...
O que é certo é que há muito que o povo português tem razão para se revoltar contra estas medidas cegas. sobretudo porque não só não estão a resultar, como estão a levar Portugal para a miséria, colocando a economia nacional de rastos!
E o pior é que o povo manifesta-se ainda de forma relativamente ordeira e ouve afirmações de quem está a receber uma reforma milionária desde os seus 42 anos à custa dos nossos impostos segundo as quais, passo a citar: ""Este não é o lugar de manifestações e eu pedia aos senhores que saíssem das galerias (...) Não ajuda à democracia o que os senhores estão a fazer".
Pois, o Xerife Penas diz que a democracia tem regras, mas a democracia também tem limites que os governantes têm de respeitar, e desde logo, os direitos, princípios e garantias constitucionalmente garantidos! E lembrem-se que o povo é mesmo quem mais ordena... porque Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária" - artigo 1.º da Constituição da República Portuguesa.
Xerife Penas falou, está falado!