terça-feira, 17 de abril de 2012

PROGRAMA 38


Assassinado em casa, quando chegava da missa

      João Miranda era um homem muito querido na população onde morava, em Torres Vedras. João Miranda era um homem muito religioso, gostava muito de entrar em todas as cerimónias religiosas que eram praticadas na sua terra. João Miranda era um homem que distribuía o bem. João Miranda era amoroso.
      Mas, se era assim, o que é que terá acontecido para que este homem, um dia, quando viesse da missa, fosse amordaçado, chicoteado, pontapeado, preso à sua própria cama e tenha, assim, terminado os seus dias?
      Os vizinhos (ele vivia sozinho), os vizinhos ficaram admirados de não o verem, logo pela manhã, a ir comprar o pão.
      Isto passou um dia. Passou outro dia. E eles, desconfiados, chamaram as autoridades.  
      As autoridades descobriram aquele achado macabro...
      O João Miranda estava morto, preso à sua própria cama...
      E a família do João Miranda...?
      A ex-mulher nunca, nunca deixou que aquele homem, após a sua separação, vivesse uma vida plena, uma vida feliz... Havia bens! Havia bens para serem distribuídos!
      Mas, a ex-mulher, ao saber da morte dele,foi a primeira a insistir com as autoridades: "Quem foi que fez isto ao meu ex-marido? Quem foi que fez isto ao meu ex-marido?"
      A casa estava completamente virada do avesso. Gavetas completamente remexidas. Roupa no chão. Era um caos, a casa do João Miranda...
      Mas, se ele era um homem extremamente arrumado... Era ele que tratava de toda a lida da casa. Lavava a  roupa. Ele fazia tudo.
      O João Miranda tinha 62 anos, mas, já era reformado. Mas, era um homem perfeitamente saudável.
      Mas, repare neste pormenor...
      Todas as entradas da casa estavam completamente direitas. As portas não foram estroncadas.
      Então, quem fez isto?
      Ladrão?
      Assalto?
      Não roubaram nada...
      Chave... falsa?
      Talvez...
      Mas, não estroncaram porta nenhuma...!
      Quem terá cometido este crime?
      E a mulher insistia com a Polícia Judiciária, com todas as autoridades:"Eu quero saber quem matou o meu ex-marido! Eu quero saber quem matou o meu ex-marido! Eu tinha divergências com ele... eu tinha divergências com ele, mas ele não merecia morrer assim!"
      Passaram-se dois anos.
      A Polícia Judiciária não estava a conseguir descobrir os autores deste crime.
      Toda a gente comentava nas redondezas, em Torres Vedras: "Quem terá matado o pobre João Miranda?"
      Havia fortes desconfianças, muitas desconfianças... Mas, a ex-mulher dizia: "Eu quero saber! Eu quero saber quem é que o matou!"
      Pois é.. pois é... pois é...!
      Sabem quem foram os autores morais deste crime?
      Os seus próprios familiares, os familiares diretos! A ex-mulher e os filhos foram os mandantes do crime!
      É verdade!
      A Policia Judiciária descobriu!
      A sua própria ex-mulher e os seus filhos foram os mandantes do crime!
      Porquê?
      Porque queriam receber a herança...
      O João Miranda não estava pelos ajustes, não estava a conseguir encontrar-se no dividendo dos bens... Havia, ali, uma desavença familiar... havia, ali, uma desavença familiar...
      Os seus filhos e a sua ex-mulher foram os mandantes do crime!
      Quem é que eles foram contratar?
      Um grupo, um grupo de meliantes... cinco... cinco estrangeiros, duas mulheres e três homens. Foram estes homens, estes ucranianos, que que mataram, assassinaram a sangue frio, amordaçaram, fizeram tudo e mais alguma coisa ao corpo do João Miranda.
      Mas, os mandantes... os mandantes foram a ex-mulher, aquela coitadinha... ("Ai que eu quero saber o que é que aconteceu ao meu ex-marido!") e os filhos, os seus próprios filhos. Foram eles os mandantes deste crime!
      Tudo por causa do dinheiro... tudo por causa do dinheiro!


      Este caso está, agora, no tribunal de Torres Vedras e, um dia, um juiz vai dar a sua sentença.
  
      Mas, sobre este caso, o Xerife Penas falou, tá falado!


Maria da Presa, uma nobre senhora com trinta anos de dedicação aos outros

    Mais um caso de grande, grande injustiça!
      Maria da Conceição, Maria da Presa, como é conhecida na sua aldeia... Esta senhora, digníssima senhora de 90 anos, de Bitarães, concelho de Paredes... Mas que bela senhora esta! Uma mulher que, aos 90 anos, não se cansa de praticar o bem! Esta mulher de 90 anos, com uma das mais ricas histórias de vida que eu conheço... quatorze filhos...
      Mas, que grande luta terá tido esta mulher...!
      Viúva há já muitos e muitos anos... muitos anos...
      Desses quatorze filhos, dez ainda estão vivos...

      Linda avozinha (também como é conhecida), tiazinha (para alguns, lá da terra), a Maria da Presa(como é conhecida em Bitarães) é uma mulher nobre!
      Todos as quintas-feiras, apesar dos seus 90 anos, esta mulher vai cozinhar a sopa para uma instituição de caridade local.
      Ela diz: "Sou feliz a fazer isto! Sou muito feliz a fazer isto! É a maneira de eu agradecer de, aos 90 anos, ainda ter força para fazer isto"!
      Mas, a Maria da Presa faz muito mais ainda, com 90 anos... A Maria da Presa é uma cozinheira esmerada. Dizem que não há melhor naquelas redondezas... A Maria da Presa, a Conceizãozinha ou a Sãozinha, a Tiazinha, a Avozinha todos os anos ajuda os peregrinos para Fátima. É ela que confeciona todas as refeições das centenas e centenas de peregrinos que se juntam, naquela terra, para, depois, remarem a Fátima. Ela... durante aquela semana, durante aqueles dias é ela que cozinha.
      Repare...
      Com 90 anos!
      É um exemplo! É um exemplo!
      Mas, agora, por que é que o Xerife Penas traz este caso aqui?
      Meditem nisto que eu agora vou dizer...   
      Quantas pessoas são agraciadas por muito menos?


      Esta senhora que já se dedica há trinta anos, trinta anos a causas nobres, a ajudar quem precisa (porque aquela instituição de deficientes paralíticos é uma instituição que ajuda muita gente pobre e altamente deficitária)... esta senhora, há mais de trinta anos a praticar estas causas... e ainda não houve... ainda não houve uma única entidade oficial que lhe tenha feito, num ato perfeitamente justo, que lhe tenha feito uma homenagem...!
       Onde é que está a Câmara de Paredes que já agraciou muitas pessoas por muito, muito menos...?
      Não conseguiu instituir ou fazer uma homenagem a esta nobre senhora de 90 anos, autêntico exemplo de vida, de força, de vitalidade, numa altura em que os nossos idosos são, muitas vezes, maltratados... Muitos dos nossos idosos não conseguem fazer aquilo que esta senhora, a Maria da Presa, faz, em Bitarães, porque também não são ajudados para tal...
      Bem haja... bem haja... bem haja a Maria da Presa!
      Força, Maria da Pureza!
      E, agora, um recado para a Câmara Municipal de Paredes...
      Vocês, têm, aqui, uma heroína! Onde é que está a homenagem? Aonde é que está a homenagem a esta senhora, mais do que merecida...?

      O Xerife Penas falou, tá falado!















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