terça-feira, 13 de março de 2012

PROGRAMA 12


 

Mata a mulher sem ter consciência

      Homem mata a sua mulher em Valpaços.
      Este caso arrepia-me mesmo, arrepia-,e porque é um caso em que um homem mata, sem saber que está a matar.
      É verdade.
      Este homem matou sem saber que estava a matar.
      Armando Santos, 73 anos, vivia numa freguesia do concelho de Valpaços, Alvites, era um homem bom.
      Um casal que se dava bem... um casal que se dava bem.
      Mas, a interioridade do nosso país tem alguns casos difíceis de explicar. Os velhos ficaram na terra. Os filhos vão para o estrangeiro. Os filhos perdem, muitas vezes, os laços... perdem, muitas vezes os laços com os seus familiares. Voltam à terra uma vez por ano, às vezes, nem sempre. Esquecem-se daqueles, esquecem-se daqueles que os puseram na luz do dia. Esquecem-se, muitas vezes, dos seus pais.
      E agora, agora, vejam o que é que aconteceu a este Armando Santos...
      O Armando Santos era um homem doente, era um homem bom, mas um homem doente.
      Ninguém conseguiu perceber a sua doença... ninguém conseguiu perceber a sua doença...
      Estamos a falar de um casal muito, muito fechado em si. Saía, de vez em quando, para os campos. Tinha o seu cão em casa. Tinha o seu gato em casa. Mas, falava com muito pouca gente.
      Este homem sofria, a mulher sofria com ele... Este homem sofria, a mulher sofria com ele.
      Mas, de que é que sofria, afinal, este Armando Santos de 73 anos, de Valpaços? De que sofre este homem de 73 anos, em Valpaços?
      Uma doença irreversível.
      Ele tinha uma doença irreversível. Eu conheço essa doença. Eu tive um familiar que viveu comigo muitos anos. Eu sei o carinho que tinha que ter com ele. Eu sei o acompanhamento que tinha que ter com a minha avó...
      Alzheimer.
      Este homem sofria de alzheimer.
      Eu sei o que as pessoas portadoras de alzheimer têm que ser muito bem acompanhadas. Tornam-se violentas... não sabem porquê... Deixam de conhecer pessoas momentaneamente, voltam a conhecer... Podem matar... podem matar!
      Armando Santos matou a mulher... Armando Santos matou o amor de toda uma vida.
      Armando Santos matou à paulada, à chaulada (dizem eles, dizem alguns), ele matou-a!
      O homem corre apavorado pela aldeia. O homem corre apavorado pela aldeia... Ele disse que tinha matado a mulher... ele disse que tinha matado a mulher.
      Mas, o que é facto é que o crime aconteceu... o facto que é facto é que o crime aconteceu!
      Este homem, este homem já tinha sido vigiado. Já tinha ido ao centro de saúde. Já quase... já havia alguém, alguém... os sintomas eram muito evidentes...
      Mas, este país não sabe olhar, muitas vezes, pelos idosos que vivem sozinhos... Este país não sabe olhar, não sabe, não sabe...
      Mas, a família, aqui... Este homem tem filhos... Este casal tinha filhos... Ninguém quis saber como é que eles moravam. Ninguém quis saber destes problemas. E o crime aconteceu... o crime aconteceu.
      O homem foi preso... o homem foi preso.
      E sabem o que ele disse ao juiz, no dia do julgamento?
      "Onde é que eu estou? Hoje, é o dia do funeral da minha mãe e eu estou aqui, não sei onde. Onde é que euestou? A pessoa que morreu é minha mãe... a pessoa que morreu é minha mãe. Eu quero a minha mulher! Onde é que está a minha mulher?"
      Todos os exames médicos... todos os exames médicos mostraram que este homem tem alzheimer.
      Este homem pode ser um homem perigoso, precisamente por causa da doença.
      E, agora? - pergunto eu. Quais foram as precauções tomadas? Quais foram as precauções tomadas?
      Zero... zero.
      Os filhos ficaram atónitos. Não sabiam... não percebiam nada. Estavam no estrangeiro.
      Será que o dinheiro é superior a tudo?
      Será que o dinheiro compra o amor dos pais?
      Será que eles não poderiam ter tido uma interferência direta aqui e evitar a morte da sua mãe?
      Este caso está a ser julgado no tribunal de Valpaços.
      Este caso está a ser bem julgado por um juiz... por um juiz... por um juiz que sabe... que percebeu... que sabe o que está a fazer.
      O juiz decidiu: "Este homem é inimputável.
      Toda a gente se levantou, na audiência, e apoiou a decisão deste juiz que considerou uma pessoa inimputável. Os factos eram mais do que evidentes... os factos foram muito, muito evidentes.
      Mas, agora, agora? - pergunto eu. O Estado, agora...?
      O Estado, agora, tem que dar condições a este homem para continuar a viver até que a morte o chame. Só que tem de continuar a viver, ,as, devidamente acompanhado. Não pode ser colocado sozinho. Ele não pode ser colocado sozinho no mundo.
      O juiz disse: "Tem que haver uma instituição que tome conta deste homem".
      O juiz entregou-o a uma instituição.
      Bem, muito bem! - digo eu.
      Eu trago este caso para alertar pessoas... para alertar aquelas pessoas que conhecem os idosos, que sabem onde eles moram, que os visitem, de vez em quando, que tentem perceber se há algum problema com eles porque eles sofrem na solidão, eles sofrem muito na solidão. É por causa disso que eu trago, aqui, este caso.

      Xerife Penas falou, tá falado!  


Mãe de 17 anos agride a filha recém-nascida

    Um caso tremendo... um caso hediondo...
      Eu tinha falado, aqui, em casos em que as crianças são vítimas... crianças de 2, crianças de 3, crianças de 7, crianças de 10, por aí fora... Mas, uma criança começar a ser vítima de maus tratos logo nos dois primeiros dias da sua existência, nunca tinha passado um caso destes... nunca tinha acontecido um caso destes.
      Como é que você pode compreender uma mãe, uma mãe que começa a maltratar o seu próprio filho, aquele que ela trouxe dentro de si nove meses, ao segundo dia da sua existência... ao segundo dia da sua existência? 
      É verdade!
      Dois dias... dois dias... Você está a ler bem... Dois dias...
      Este caso passou-se no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. É o maior hospital de Portugal... o Hospital de Santa Maria.
      A Diana, uma jovem de dezassete anos... a Diana que também não teve sorte na vida... A Diana, ao que parece, também era de uma família onde os bons costumes não são propriamente um exemplo...
      Mas, a Diana apresentou-se no Hospital de Santa Maria. Disse que aquele bebé ia ser o amor da sua vida, porque tinha passado muito... que se ia sacrificar, que ia trabalhar, que ia trabalhar, que ia fazer tudo, para dar tudo de bom àquela criança a quem ela acabava de dar à luz...
      Aquela criança passou a ser, logo nas primeiras horas da sua vida,um deus para os profissionais daquele departamento do hospital. Aquela criança tinha carinho das pessoas que trabalhavam naquele hospital.
      Mas, se calhar, ao dedicarem atenção à criança, esqueceram-se também (se calhar) de um pormenor... É que a mãe tinha apenas dezassete anos... a mãe tinha apenas dezassete anos... A mãe que tinha um comportamento problemático, antes... A família que era, também, problemática, antes...
      Se calhar, a Diana não estava preparada para ser mãe... a Diana não estava preparada para ser mãe...  
      Pois é... pois é!
      E sabem o que é que aconteceu? Sabem o que é que aconteceu em pleno Hospital de Santa Maria, em Lisboa?
      Quando as enfermeiras insistiam com a Diana:
- Diana, vais ter que amamentar a tua filha. Vais ter que lhe dar a mama... vais ter que lhe dar a mama!
      Ela dizia:
- Eu não vou dar!
- Mas, vais ter que dar!  
- Eu não vou dar!
- Mas, vais ter que dar!
- Eu não vou dar!
- Mas, vais ter que dar!
      Mas, assim... assim, numa desatenção... Sabem o que a Diana fez?
      A Diana, a mãe, a mãe da própria criança começou a esbofetear a criança com dois dias... com dois dias... com dois dias!
      Imaginem que lhe partiu uma perna! É a mesma coisa que partir uma perna a um passarinho.. uma criança com dois dias, é a mesma coisa que partir uma perna a um passarinho! 
      Como é que é possível? Como é que é possível isto ter acontecido?
      Aconteceu isto num hospital... aconteceu isto... a própria mãe fez isto...
      Eu já não falo nos profissionais de saúde que podem ter uma desatenção... Agora, a mãe fazer isto...!
      Tem que ser incriminada! Tem que ser incriminada, apesar dos seus 17 anos! Ela sabia o que estava a fazer! Ela disse que a criança ia ser bem-vinda... que a criança ia ser bem-vinda para provocar, para provocar a desatenção. Ela ... muito provavelmente, já estava a premeditar. E, se calhar, queria assassinar a criança...
      Este caso é um caso, mesmo, mesmo repugnante!
      Isto põe-me os nervos em franja... isto põe-me os nervos em franja!
      Mais uma vez, a família falhou, aqui... mais uma vez, a família falhou aqui... Primeiro que tudo, foi a família que falhou aqui!
      Mas, o Xerife Penas também já falou tudo quanto tinha que falar neste caso.

      Xerife Penas falou, tá falado! 


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