sexta-feira, 23 de março de 2012

PROGRAMA 22


Emigrante português morre em Bruxelas abandonado

      Emigrante português morre em Bruxelas abandonado!
      É isso mesmo... Emigrante português morre em Bruxelas abandonado!
      Isto é um caso que pode envergonhar a comunidade portuguesa emigrante na Bélgica...
      António Nunes, 49 anos...
      Este homem, trabalhador, muito trabalhador, vários anos emigrante, vários anos emigrante, sempre em Bruxelas.
      Mas, o que é que aconteceu a este homem? O que é que terá acontecido a este homem?
      Este homem, nos últimos anos, não teve sorte. Desempregado. Empresas por onde trabalhou caíram na falência.
      Triste... andava sempre muito triste este homem, muito triste...
      Pois é...
      Este homem moveu alguns processos contra as empresas... nenhuma lhe estava a pagar.
      Mas, apareceu outro português, o Vitorino Narciso... Este português tinha uma empresa de construção civil. Este homem, o António, foi trabalhar com ele... foi trabalhar com ele. Mas, estava a ser explorado... estava a ser bastante explorado... Isto mexia muito com ele! O homem chegava a casa, desabafava com a mulher:
- Isto não está bem!
- Mas, nós ainda não temos condições para regressar a Portugal. Vamos ter que aguentar! - diz a mulher - Vamos ter que aguentar... vamos ter que aguentar!
      O homem andava doente já... o homem já andava doente. Mas, estava com dificuldades, muitas dificuldades económicas. Aceitou o trabalho... aceitou o trabalho.
      E agora imaginem...
      Depois de vários anos emigrante na Bélgica, este homem deixou de ter um vínculo laboral, foi considerado um migrante ilegal.
      Onde é que entra, aqui, a comunidade portuguesa? Ou melhor, onde é que entra aqui a força, a força das nossas autoridades? Um homem que sempre esteve legal na Bélgica... que sempre esteve legal na Bélgica, a infelicidade do desemprego cai-lhe em cima e ele passa a ser ilegal...? Nós não estamos numa Europa comunitária? O que é isto?
      Mas, sabe o que é que aconteceu ao António Nunes?
      Uma coisa muito, muito pior!
      Este homem já com dificuldades para se tratar, este homem sofria do coração. Ao trabalhar nos andaimes de uma obra, sofreu um ataque cardíaco. Caiu. Caiu desamparado no chão.
      Mas, nem na hora de morrer, este homem conseguiu ter felicidade! Os patrões pegaram nele num forgão, meteram-no na caixa, andaram com o corpo duas horas... andaram com o corpo duas horas, por Bruxelas, pelos seus arredores...
      E sabem o que é que estes outros portugueses fizeram? E sabem o que é que estes outros portugueses fizeram?
      Abandonaram-no! Abandonar-no num sítio ermo. O homem teve os seus minutos finais... os momentos finais de vida deste homem... Foi abandonado... abandonado num sítio ermo por outros portugueses!
      Alguém deu por ele... alguém deu por ele. Chamaram as autoridades. Foram para o hospital. O homem estava morto... morto!
       As autoridades belgas fizeram-lhe a autópsia... perceberam que ele ainda durou alguns momentos com vida...
      Mas, os homens abandonaram-no ainda com vida... Tiveram coragem...
      O Vítor Narciso e o compincha dele tiveram coragem de abandonar um homem com um ataque cardíaco sem nada, sem ninguém para ele morrer!
      E porquê? E porquê? - pergunto eu - E porquê? Por que é que fizeram isto? Sabem porquê? Sabem porquê?
      Porque não queriam pagar os respetivos impostos. Porque o homem estava ilegal. Sabiam que as autoridades da Bélgica iam ao local do acidente e iam pagar uma multa pesada... eles iam pagar uma multa pesada! E, por isso, preferiram deixar morrer o homem assim abandonado na tentativa de nada se vir a descobrir...
      Mas, os outros portugueses que trabalhavam na obra, os outros colegas que trabalhavam na obra? Ninguém? Ninguém deu alarido sobre isto?
      Este caso aconteceu em Novembro. Só passados três meses é que isto veio a opinião pública a saber! A opinião pública só veio a saber há três meses após. Tudo, tudo, tudo no segredo dos deuses...
      Meus amigos, pobre sina a deste homem... Pobre sina a deste homem!
      É condenável! É condenável o tratamento destes homens miseráveis. Este Vitorino foi miserável, miserável!
      As autoridades da Bélgica estão agora a investigar. Vai haver um tribunal da Bélgica que vai dar a sua decisão.
      Este caso, para o Xerife Penas está encerrado.

      Xerife Penas falou, tá falado! 

  Pai mata filho em plena rua com um tiro na face

     Agora, mais um caso terrível, terrível, terrível!
      Em plena rua.
      Em plena cidade de Portimão, o pai matou o filho com um tiro na cara... desfacelou completamente a cara!
       É verdade!
      O que é que pode levar um pai a matar o seu próprio filho? O que é que pode levar um pai a matar o seu próprio filho em plena rua?
      Mas, repare...
      Os vizinhos não ficaram muito admirados... os vizinhos não ficaram muito admirados quando viram o Marco Pina no chão a esvair-se em sangue... não ficaram muito admirados! Já alguém tinha dito que, qualquer dia, aquilo ia acontecer...
       O António Pina, um mariscador, um homem que se dedicava ao marisco e ao álcool...
       Mas, mesmo assim, o que leva um pai... o que leva um pai a exercer tamanha violência sobre o seu filho... O que leva um pai?
      Esta estória, no início, ficou um pouco mal contada...
      Mas, nós investigámos, investigámos melhor... E começamos a perceber por que é que isto aconteceu... por que é que isto aconteceu...
      Não era só droga. Não era só álcool. O Marco, o miúdo que morreu, já tinha graves problemas criminais... já tinha graves problemas criminais...e tinha só 18 anos...O Marco, o Marco já tinha estado em várias casas de correção bem longe, bem longe de Portimão, no Porto, por exemplo. O Marco fugia. O Marco voltava. O Marco fugia. O Marco andava por maus caminhos... andava por maus caminhos. Vários assaltos ele já tinha no seu ativo.
      O pai bebia. É verdade. Mas, o pai trabalhava. Mas, o pai não roubava. O que o António Pina, se calhar, não sabia era comunicar com o filho. Mas, ele também era violento. O António Pina batia na mulher. Batia nos outros filhos. Mas, não cometia nenhum crime daqueles que pudessem pôr em perigo outras pessoas.
      É significativo que, no momento da detenção, uma filha agarrou-se ao pai... uma filha agarrou-se ao pescoço do pai e disse: "Eu não te vou largar! Eu vou te dar todo o apoio"! Isto quer dizer alguma coisa...
      Mas, nada pode justificar a morte do seu próprio filho! Mas, nada pode justificar a morte do seu próprio filho!
      Mas, agora, reparem...
      Leiam bem aquilo que eu vou escrever...
      Mais uma vez... mais uma vez, as instituições, as instituições que têm por dever, em Portugal, acautelar, acautelar as vidas das pessoas, acautelar o bom acompanhamento dos jovens....estamos  falar d um jovem de 18 anos... acautelar um jovem de 18 anos...É certo que ele já era maioritário, mas, mais uma vez, falharam... mais uma vez, falharam. Este rapaz já não era acompanhado há algum tempo... Desde os 17 anos, já deixou de ser acompanhado e deu no que deu... Roubos e mais roubos e mais roubos até que o pai, a seguir a uma discussão, pega na caçadeira, encontra-o na rua e...
      Tau!
      Tau!
      Tau!
      E mata!
      Será que nós, agora, não temos alguma responsabilidade sobre isto?
      Será que este crime não seria evitado? Será que este crime não seria evitado se a mãe, se os irmãos, se a família, outros familiares, se os vizinhos dissessem: "Cuidado que isto vai acontecer! Cuidado que isto vai acontecer! Cuidado! Insistam! Insistam! Insistam"!
      Mas, aconteceu... mas, aconteceu!
      Sobre este caso, que agora o tribunal de Portimão vai sentenciar, o Xerife Penas falou, tá falado!     

 

  

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