terça-feira, 20 de março de 2012

PROGRAMA 20


Mata amigo por este lhe tirar a boina na brincadeira


      Nunca se tinha visto nada assim na pequena povoação de Pombal, concelho de Elvas.
      Zeferino Castelo.
      João Pimenta.
      Eram dois grandes amigos...
      Mas, será que eram dois grandes amigos?
      O que é que terá acontecido nesta localidade alentejana?
      Pois bem...
      João Pimenta era um homem muito complicado. Era muito turbulento. Era um homem que, ultimamente, se tinha tornado extremamente violento.
      Mas, afinal, o que é que teriam em comum estes dois homens? O que é que teriam em comum estes dois homens?
      Gostavam de jogar às cartas, gostavam de passar as tardes na taberna, gostavam os dois de beber...
      O Zeferino Castelo era um homem muito brincalhão. Nunca perdia o bom-humor...
      João Pimenta era exatamente o contrário. Quando estava com os copos, ninguém podia brincar com ele.
      Mas, o João Pimenta, de 52 anos, ultimamente, andava incontrolável... andava incontrolável.
      Mas, imaginem só isto...
      A GNR, que, várias, vezes, o apanhou com a caçadeira, várias vezes, a GNR teve conhecimento de que o João Pimenta ameaçava pessoas, ameaçava tudo quanto visse à frente,dizia que matava... dizia que matava... dizia que matava. A GNR nunca atuou... A GNR nunca atuou.
      Este homem, com os copos, era completamente louco, louco...
      Mas, o que é que terá acontecido? O que é que estava a acontecer na cabeça deste homem? O que é que estava a acontecer na cabeça deste homem?
      Este homem separou-se da mulher... este homem separou-se da mulher. Era muito violento, muito violento em casa. A mulher não esteve para o aturar mais e separou-se dele. Aí, o João Pimenta ligou-se mais ao álcool...ligou-se ainda mais ao álcool...
       Em Elvas e, mais concretamente, em Pombal, ninguém podia estar ao pé do João Pimenta que, de um momento para o outro, era zaragata... era zaragata.
       A GNR sabia mas não atuava... não atuava.
      João Pimenta, um dia, passou-se completamente... João Pimenta, um dia, passou-se completamente... O Zeferino Castelo, na brincadeira, tirou-lhe o chapéu da cabeça...
      Senhor bloguista, sabe o que é que isto deu? Sabe o que é que isto deu?
      O João Pimenta foi a casa buscar a caçadeira... foi buscar a caçadeira... Veio para a rua. Disparou contra aquele homem completamente indefeso.
      Pum!
      Pum!
      Pum!
      Três tiros!
      Matou-o!
      Zeferino Castelo ficou a esvaiar-se em sangue... Morto... morto!
      A GNR sabia do temperamento deste João Pimenta. Sabia que estava ali um assassino... sabia que podia estar ali um assassino... Ele tinha licença de uso e porte de arma... E ninguém se importou... ninguém... ninguém!
      E agora, meus amigos?
      Morre um homem.
      Temos uma viúva inconsolável.
      Temos dois órfãos, duas crianças que precisavam do único sustento da família...
      E agora? Agora? E agora, pergunto eu. E agora?
      Por que é que a GNR não atuou mais cedo? Por que é que as nossas autoridades demoram tanto tempo a atuar? Porquê?
      Este homem era tremendo, tremendo!
      O Xerife Penas não vai falar mais sobre este caso.

      Xerife Penas falou, tá falado!
    

Mata o pai, à catanada, por este o alertar para baixo desempenho escolar 


    Agora, senhor bloguista, memorize o que lhe vou contar... memorize o que lhe vou contar...
      É arrepiante! Aviso... é muito, muito arrepiante!
      João Jesus... era este o seu nome... João Jesus.
      Um rapaz de 16 anos.
      Pampilhosa da Serra.
      O que é que terá feito João Jesus para eu estar aqui a falar desta maneira...?
      João Jesus tinha 16 anos... Repare... O João Jesus era um miúdo... 16 anos...
      Você sabe o que fez este miúdo? Você sabe o que é que este miúdo fez?
      Matou o seu pai! Matou o seu pai!
      Mas, o que é que leva um miúdo de 16 anos a matar o pai? O que é que leva um miúdo de 16 anos a matar o seu próprio pai?
      Não dá para pensar...? Isto não é um caso que dá para pensar?
      Digo... Isto é um caso que é para pensar e muito... para pensar e muito!
      Quem era, afinal, o pai do João Jesus? O que é que ele era? Era bom pai? Era bom marido? Tinha outro filho? Gostava dos dois?
      Pois é...
      É difícil de entender...
      É que o pai do João Jesus era tudo isto. Era bom pai. Era bom marido.
      Mas, por que é que morreu? Por que é que morreu? Por que é que o filho mais novo matou o seu pai?
      Pois...
      O pai disse-lhe: "Ó rapaz, tu andas... tu andas com a cabeça fora do sítio! Tu estás a perder... tu estás a perder capacidade! Tu não és o mesmo estudante! O que é que se está a passar na escola? O que é que se anda a passar na escola que tu estás a ficar com mau aproveitamento?"
      E disse-lhe isto uma vez. Duas vezes. Um dia. Dois dias. Três dias. Uma semana. Um mês. Sempre... sempre... sempre.
      A mãe, coitada, entregava-se às tarefas domésticas, entregava-se também à sua vida profissional porque tinha outro emprego, não percebeu que havia uma falha de comunicação, aqui, entre pai e filho, a comunicação que sempre resultou entre o pai e o filho mais velho, mas não estava a resultar entre o pai e o filho mais novo. Eles trocavam palavras azedas... eles trocavam palavras azedas!
      E o que é que aconteceu? E o que é que aconteceu?
      Quando o pai dormia, o João Jesus, o seu filho mais novo de 16 anos, com uma catana, matou o pai... matou o pai! Praticamente, cortou-lhe o pescoço! Praticamente, cortou-lhe o pescoço!
      Este rapaz completamente tresloucado, completamente tresloucado...
      E agora imaginem...
      Andou 22 km a pé, de madrugada... andou 22 km a pé, de madrugada!
      Foi à GNR.
      Disse o que tinha acontecido... disse o que tinha acontecido.
      Os guardas não acreditavam... Os guardas não acreditavam!
      Mas, foram lá a casa.
      "Vão! Vão à minha casa! Eu matei o meu pai! Eu matei o meu pai à catanada! Eu matei o meu pai à catanada! Vão ver! O que pode agora acontecer...? Eu só tenho 16 anos! Será que vou ser incriminado?"
      Os guardas ficaram na dúvida...
      Foram.
      Mas, viram o pai completamente esvaído em sangue.
      A mãe ainda não tinha dado por nada. O filho mais velho também ainda não tinha dado por nada. Foram acordados pelas autoridades.
      Os vizinhos diziam: "Mas, como é que isso é possível? Mas, como é que isso é possível?
      Mas, aconteceu! Mas, aconteceu!
      Fica, aqui, mais um alerta. Fica, aqui, mais um alerta...
      Entre pais e filhos tem de haver comunicação... entre pais e filhos tem de haver comunicação!
      Agora, agora, vamos tentar ajudar o João Jesus... Ele ainda só tem 16 anos... Vamos tentar ajudá-lo! Ele vai ter de ser incriminado, obviamente... ele vai ter de ser incriminado. Mas, vamos ajudá-lo... vamos ajudá-lo, agora!
      Este caso está a ser julgado pelo tribunal competente. Vai haver uma sentença.

      Mas, o Xerife Penas falou, tá falado!
 


 
     
       

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